No Ipiranga, boom imobiliário movimenta o setor de serviços
segunda-feira, 4 de junho de 2012O bairro do Ipiranga, na zona sul de São Paulo, está mudando de cara. De janeiro a março deste ano, foram 291 imóveis lançados, o maior número desde 2005, de acordo com o Secovi-SP. Na outra ponta, esse boom imobiliário está impulsionando a abertura de negócios. No mesmo período, a região recebeu 301 novas empresas, um crescimento de 32% perante os três primeiros meses de 2011, segundo dados da Junta Comercial. Destas, 267 são micro e pequenas empresas. Mas apesar das oportunidades de negócio, os comerciantes mais antigos da região ressaltam que a concorrência aumentará cada vez mais enquanto o bairro perde o ar ‘familiar’.
Tradicional comerciante do bairro, Orlando Santos Júnior, 52 anos, começou com um comércio de confecção em 1985 e depois começou a apostar no ramo alimentício. Entre cantinas e bares que já teve ao longo dos anos, hoje ele é dono de uma hamburgueria (A Hamburgueria) e uma pizzaria (Il Monastero). Agora, ele planeja abrir, em junho, um restaurante argentino no mesmo local. Mas apesar das novas apostas, ele mantém um otimismo moderado. “O movimento está mais fraco esse ano”.
Luciana Linares Garcia Sampaio, gerente da N Calçados, diz que a fidelização dos clientes é a principal estratégia da loja. O negócio começou em 2004, com moda feminina, e depois investiu em calçados, hoje com dois endereços, um deles focado em sapatos confortáveis. Ela é cautelosa nas projeções para o futuro, mesmo com o crescimento da empresa e da região.
Outro local que está se adaptando para receber os novos negócios é a padaria Big Bread. Segundo o gerente comercial do local, Paulo Rodrigues de Lima, 43 anos, o aumento de novos empreendimentos exigiu uma reforma no local. Quando as obras estiverem prontas, a expectativa é aumentar a capacidade do salão de 80 pessoas para cerca de 200 clientes.
Aluguel caro
O boom imobiliário não traz só bons negócios para os pequenos empresários. A cabeleireira Zélia Silva Carvalho está há 18 anos no ramo e desde 2002 é dona do próprio salão, o Camaleão Camaleoa. Ela conta que o dono do imóvel de seu negócio pediu um aumento de 100% no valor do aluguel. Com o valor sugerido pelo proprietário, ela diz que já estuda dar entrada num local próprio para atender a clientela. “Não vale a pena pagar aluguel para comércio”, afirma.
Zélia começou como manicure e acabou adquirindo o ponto quando o antigo proprietário disse que não tocaria mais o negócio. Com um empréstimo do cunhado, ela conseguiu comprar o ponto e, hoje, também vende salgados para ajudar no orçamento. A renda acumulada ao longo dos anos permitiu, agora, que ela comprasse a casa própria.
Mas o vigor econômico do Ipiranga não atraiu só a atenção de pequenos empresários, construtoras e imobiliárias. Nos primeiros quatro meses deste ano, os roubos em geral e furtos e roubos de carros no bairro cresceram mais de 40% em relação a igual período do ano passado.
Fonte: O Estado de S. Paulo